Historia

O prazer da viagem até chegar ao Aconchego de Tia Lúcia aumenta a medida que se avança na estrada de terra. Se minas é sinônimo de montanhas esse caminho ilustra com perfeição a beleza de sua fotografia. A estrada que liga a civilização a esse cantinho sai da cidade de Rio Acima, e percorre 12 deslumbrantes quilômetros, com paisagem de cachoeiras, córregos e mata campestres.

Seguindo a estrada em direção a itabirito, minutos depois se encontram placas sinalizando o Aconchego de Tia Lúcia O local é uma chácara bem cuidada, cuja a especialidade é o frango ao molho pardo. No cardápio há ainda diversas opções de comida mineira, além de doces em compotas.

O restaurante de Tia Lúcia funciona na varanda de sua casa. Na parede, fotos de clientes que lá estiveram. Uma piscina está a disposição do fregues que quiser dar um mergulho, e uma rede amarrada num tronco de arvore pode ser usada para um cochilo depois da refeição. Não há funcionários no local. O serviço é todo feito por Tia Lúcia e sua filha Carla. Esta pede para não ligar para as casca de laranja secando ao sol, num canto da varanda. É apenas um combustível para ajudar na hora de acender o fogão a lenha, pois a casca seca explode junto a lenha e espalha o calor pelo fogão. No Aconchego de Tia Lúcia não há cerimônias; afinal, o cliente não irá almoçar num restaurante, e sim na casa de alguém.

Tia Lúcia costuma ir a belo horizonte uma vez por semana para fazer supermercado. Lá, ela não precisa comprar muita coisa. Sua chácara tem horta, pomar, galinheiro e até um chiqueiro. Como Tia Lúcia foi para uma chácara no meio das montanhas? Ela mesma conta: “Meus três filhos já estavam criados, 2 deles casados, e Carla formada em comércio exterior, trabalhava numa empresa. Lincoln, meu marido, advogado e professor, havia se aposentado a pouco tempo. Foi aí que começamos a nos perguntar se estávamos felizes morando numa casa enorme em Belo Horizonte. Juntos decidimos construir um cantinho no meio das montanhas. No inicio, era apenas um lugar para passar o final de semana, mas logo decidimos morar na chácara. Carla ficou em Belo Horizonte, até que um dia deu um basta na vida corriqueira da cidade grande e largou o emprego que tinha a cinco anos. Veio passar um tempo conosco e nunca mais foi embora”.

Tia Lúcia sempre foi inquietam. Precisava estar sempre fazendo algo, fosse ariar uma panela ou molhar a horta. Um dia, impaciente com seu tempo ocioso na chácara, ouviu o conselho de um amigo, dono de cachoeira, que lhe sugeriu vender comida e bebida em sua propriedade para os turistas de fim de semana. Tia Lúcia topou. Junto com Carla colocou o fugão dentro do carro e foi cozinhar na cachoeira, além de vender água, cerveja e refrigerante. Seis meses depois, Tia Lúcia notou o semblante triste do marido, sempre sozinho em casa nos fins de semana. Carla sugeriu a mãe ficar junto dele.

 

quadro-ladoEla cuidaria dos negócios na cachoeira. Quando os turistas queriam um almoço ainda mais saboroso, Carla os mandava para a chacara. Logo havia mais clientes almoçando na chacara do que na cachoeira. Com isso, a família percebeu que poderia ter um pequeno restaurante, servindo comida caseira, sem precisar de funcionários, onde os clientes se serviriam no próprio fogão a lenha. Nascia assim, em 1997, o Aconchego da Tia Lúcia.

Adaptação de Artigo do Livro
Caminhos do Sabor – Estrada Real
Autor: Marcellini, Rusty
Editora: Gutenberg – Brasil
Edição 01/200
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